quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Vícios atemporais e universais

"Estou contente comigo por causa da minha pobreza. Quando era rico, era obrigado a prestar homenagens aos caluniadores, sabendo muito bem que estava mais em condição de ser prejudicado por eles do que prejudicá-los: a república sempre exigia-me uma nova contribuição; não podia ausentar-me. Desde que sou pobre, adquiri autoridade; ninguém me ameaça, mas eu ameaço os outros; posso partir ou permanecer. Os ricos já se levantam de seus lugares e me cedem a prioridade. Sou um rei, era escravo; pagava tributo à república, hoje ela me sustenta; não receio mais perder, espero adquirir".


Cármides, personagem do Banquete de Platão em A República.