sábado, 30 de novembro de 2013

''Yo, un Irresponsable''

Este portentoso irresponsável que vos fala, voltando de uma compra de livros, se deparou com uma situação inusitada: a família fazia um fuzuê acerca de um portão quebrado. É um portão já velho, enferrujado, todo oxidado pela maresia. Num país normal, alguém chamaria um empreiteiro que manja dessas artes de portão, e ele o consertaria sem problemas; mas não é o caso no Brasil.

Aqui, problemas pequenos, insignificantes, viram verdadeiras epopéias homéricas. Meu pai gritando, minhas irmãs gritando, tios e tias opinando. Parecia uma festa de Calígula, só que sem a putaria.

E eu, o irresponsável, prontifiquei-me a chamar um desses manjadores de portão, para ele manjá-lo, e consertá-lo de vez. Não me estressei, fiquei calmo, não levantei a voz, e resolvi a cousa em menos de cinco minutos. Quem foi o irresponsável da história? Sim: eu, é claro. A responsabilidade foi totalmente invertida neste país: é responsável que se estressa para resolver algum problema, e não quem de fato o resolve.

Mas vá lá. Que eu seja vagabundo mesmo, comprando meus livros, e resolvendo o que nenhum responsável faz.