“Afinal, o que é certo?” é uma indagação bastante perigosa e
que praticamente legitima toda a conduta humana. São Tomás de Aquino, por
exemplo, não buscava somente provar a
existência de Deus. Ele se preocupava, também, em tentar demonstrar que a não
existência de Deus era algo que beirava ao ridículo e ao absurdo. De maneira
muito razoável, assim, ele provava a existência de Deus ao anular a idéia
antagônica, a de que Deus não existia. No tocante à pergunta “Afinal, o que é
certo?” cabe ridicularizar o seu dono, ou quem dela se utiliza. Não se dá para
demonstrar o que é certo, pois não podemos tirar uma amostra do infinito e de
tudo o que nos rodeia. Dá para, sim, demonstrar que não haver certo é algo
ridículo. Tomemos duas frases: “A razão está morta” e “Não há certo e nem
errado”. Todas essas duas frases são um paradoxo lógico absoluto; elas se
auto-anulam. A primeira, porque não há como definir a inexistência da razão sem
usar da própria faculdade da razão. A segunda, pois relativiza a própria afirmação.
Realmente, não posso demonstrar o que é certo e prová-lo. Mas quem pode me
provar que não há um carro azul estacionado na esquina? O fato é que estamos
tão imersos na Verdade tal qual um peixe está na água, não podendo pensar na
realidade, em nossa existência, sem levar esse outro substrato que o compõe.