quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Triste hoje; pior o amanhã.


A modernidade vem com a promessa de nos libertar das algemas de séculos. Algemas essas provenientes de um passado longínquo, antiquado, opressor, destrutivo e decadente. Hoje se clama a liberdade e a total obediência a si, aos seus instintos, sem noção do que se de fato está ficando livre e sob quais valores hão de triunfar os instintos e a vontade do homem. Parece-me que a modernidade está ociosa e paranóica. A liberdade virou um fetiche, e o querer uma justificativa. Está-se livre para tudo, dizem eles, sem atentar para o fato de que estão acorrentados a uma outra perspectiva somente; está-se apto para tudo, dizem eles também, sem se darem conta de que o instinto não possui significado algum, senão o de uma reação cuja causa nós desconhecemos. Mas a desmascaro aqui, essa modernidade doente: até que ponto é razoável pensar que sendo os impulsos humanos mais básicos – e nessa lógica absurda os mais valorosos – devem ser seguidos ao pé da letra, afinal não teriam sido esses mesmos impulsos que nos escravizara? O que quero atentar aqui é para o fato de que a causa e o efeito não podem ser a mesma coisa, como bem nos ensina a lógica. Se o homem de ontem era isso ou aquilo, não o foi em outra circunstância que não na qual em que o seu também instinto existia, bem como a todos os anseios naturais. É absurda a tentativa de glorificar o homem e o seu lado mais animal para correr das más coisas, se estas foram também fruto dos instintos e da bestialidade nossa de outros tempos. A modernidade não nos pode prometer nada sem também acorrentar-nos. Diante da infinidade do universo e a imensa complexidade de um indivíduo, todas as alternativas à moral prática e ao bom senso universal e atemporal, conduzir-nos-á a uma escravidão sem precedentes. Seremos servos da vontade de todos, submetidos à liberdade eterna que só pode ser conhecida quando a nada se escolhe e a nada se faz.