1. O homem deve agir
conforme a necessidade da circunstância. Deve agir de modo indiferente aos
frutos; agir com total desapego à conseqüência e às benesses de seu esforço. O
homem que age pensando na boa colheita e no que desfrutará, corrompe-se, porque
toda a sua ação perde a substância e assim ele tende a cair em vícios e
perder-se hoje porque pensa no amanhã.
2. Nada mais empurra o
homem à corrupção e à maldade do que o desejo e a ira. A empreitada humana,
executada por uma idéia de que ela irá retornar como uma boa colheita, é
egoísmo e fraqueza. É como se dissipássemos a energia do “fazer agora” por
ficarmos regozijando o que pode estar por vir depois.
3. O desejo ofusca a boa
intenção e nos confunde no presente, no “agora da ação”. Devemos nos ater
àquilo que deve ser feito, porque as benesses da justiça não são só uma reação
à ação de hoje, mas também uma ressonância de nossa ação, só que proveniente de
uma outra extensão de nosso ser e/ou uma ação de outro ser. O mundo é ação.
4. Fraquejar diante de
adversidades e dilemas por temer executar uma determinada tarefa não te salvará
do fracasso, afinal a não-execução de uma determinada coisa é, ao mesmo tempo,
a execução de outra. A hesitação sempre vem do medo pelo depois e é aqui que
temos de retroagir ao fato de simplesmente fazer e ponto final. Fazer o que tem
de ser feito; combater o nosso medo e também a alegria; ter uma temperança
extrema, um equilíbrio mórbido.
5. Também se deve levar
em consideração o conceito do Yajna (sacrifício) no qual explica que todo ganho
desse e nesse mundo deve ser uma compensação por algo, por um esforço, mesmo
que de maneira indiferente – afinal
o desapego numa ação consiste num trabalho mental bastante elevado. Aqueles
que nada sacrificam mas a tudo usufruem são fracos de espírito, não se elevam.
É como se apropriarem de algo indigno a eles...
6. Há o corpo, mas também
os sentidos. Superior a eles há a razão, e a ela há o Atman (alma), centelha do
Deus. Dessa maneira, controlando o Atman, ordenamos bem a razão, que ordena os
sentidos e que, por sua vez, ordena o corpo: o
meio pelo qual se faz o que se deve fazer.
7. Deus não há forma e
tampouco é algo palpável, mas se utiliza de algo concreto para ordenar o mundo:
como o sol, para fazer o dia e a lua compondo a noite. Dessa maneira, percebemos
a regularidade das coisas. Para entrarmos em harmonia, então, devemos também ser regulares conosco ao máximo.
Assim trabalhos o nosso Ser e ele é a essência de todo o resto.
8. A verdade e os valores
sempre prevalecem pois são intrínsecos ao espírito. Seu antônimo, a
bestialidade, a desonra e o mal, não, pois não são coisas independentes e não
podem existir por si mesmas. Aquele que distingue o bem do mal, ao pé da letra,
é o homem sem interesse, sem a vontade de espiar o futuro – o mal é
simplesmente a ausência.
9. O autocontrole é o
meio pelo qual se consegue Ser.
10. Não há nada sem
sacrifício; não pode haver nada sem sacrifício. Ele legitima o sucesso, o
sabor. É a compensação pelo sorriso e pelo esforço; por todas as forças
intelectuais, físicas e espirituais suas que travaram entre si conflitos e
ascenderam ao mesmo tempo. O equilíbrio, portanto, faz-se mais do que
necessário. É também importante o conhecimento, o Jnana, que é aquela percepção
além do intelecto; um saber que parte do espírito e não do mero raciocínio e da
mera lógica humana.
11. Todos os esforços
desembocam em mesmo lugar; todas as ações findam em um mesmo ponto. A questão
não é onde chegar, mas sim como chegar. O homem cria esse caminho à medida que
se esforça para alcançar o que se almeja: essa espécie de perfeição, essa
espécie de completude. O esforço forja o bom caminho. A negligência é uma
desonra para com seu espírito, fragmento de um outro maior, soberano e essência
de todos. O homem deve se empenhar em tudo o que se propõe, sempre.