quinta-feira, 28 de março de 2013

Religião e Política

"Mas religião e política não se devem misturar. Partido político não pode ter bandeira religiosa", gritam as vozes sem rosto da modernidade inconsciente.


Eis que, vindas do nada, como um imperceptível sussurro, outras vozes dizem...



"Muito pelo contrário, partido político pode e deve ter influência teórica de valores referidos à religião, seja qual for a referência. O problema é que tem-se criado no Brasil esse esquema ditatorial onde apenas um posicionamento religioso pode ser representado: o ateísmo. O ideal da democracia é que - considerando que a opinião de cada homem é importante - cada um encontre pessoas que representem suas opiniões na política de forma tão simétrica quanto possível. E de onde vêm essas opiniões? Vêm de toda a formação cultural, emocional e mental do sujeito. Parte dessa formação, inevitavelmente, encontra e se mistura com as respostas que cada um encontra diante do movimento natural da vida humana de se perguntar o que há além, qual a origem comum de tudo, qual modelo de ação representa o sumo bem etc. Dizer que política não pode se misturar com religião é como dizer tuas opiniões importam, Pessoa, menos aquelas motivadas pelo que você estudou na faculdade, ou menos aquelas motivadas pelos teus sentimentos de perigo, ou qualquer outra coisa. Resultado: quem quer que você "escolha" após essa mutilação moral, não será alguém que lhe representa de forma simétrica. Morre a democracia. 


Além disso, as opiniões devem ser ouvidas sem que se selecione de onde vêm (a menos que venham de suborno). Isso daí é parte da vida pessoal de cada um, onde o Estado não deveria intervir. Se um conjunto de opiniões representadas vence eleições e ganha representação, não interessa as motivações abstratas de cada votante. O governo deve representar o homem e, infelizmente, o homem pensa na transcendência, no conceito de bem e em seres elevados. Esse pessoal gayzista devia simplesmente aceitar as escolhas da maioria. Se começarem a selecionar QUANDO as regras do jogo contam, o lindo e maravilhoso respeito às minorias vai simplesmente virar governo das minorias: ditadura" 


Mas as vozes sem rosto concordam "em parte", e põem-se a proclamar que, "Como pode um pastor ter poder político, qualquer que seja? Do jeito em que vamos, logo deixaremos de ser um gracioso Estado Laico!". E voltam, de algum lugar, as vozes de uns poucos, as vozes outras, as vozes que sussurram... 


"O movimento cristão organizado não mostrou até agora nenhuma, nenhuma, tendência à abolição do laicismo em si. Esse momento histórico 'tá disfarçadamente construindo um verdadeiro Estado Ateu, no velho perfil comunista, sob a máscara bonitinha de "laico". Que eu lembrasse, um estado laico seria aquele onde não haveria uma religião oficial impositiva, ou seja, ou seria sem religião oficial, ou teria uma religião oficial (refletindo a maioria da população, ou o histórico de fundação do país) ao mesmo tempo em que respeitaria as liberdades individuais de prática de religiões diferentes da majoritária. Isso é um saudável laicismo onde as pessoas vão às urnas motivadas por seus valores individuais e escolhem a forma de representação, podendo - de forma legítima - acontecer a coincidência de, sendo a maioria budista, aprovarem leis de silêncio meditativo ou, sendo a maioria atéia, aprovarem aborto, drogas, e outras tantas porras SEM que se obrigue ninguém a aderir a esses valores na vida pessoal. Já na vida pública, quando se lida com milhares de pessoas, algumas sempre saem descontentes. É melhor que sejam em menor número possível: as minorias (que na individualidade não serão invadidas). A única coisa que a militância cristã tem feito é lutar legislativamente contra aborto, eutanásia, maconhagem etc. Ou seja, está usando de um instrumento legítimo da democracia. Repare que não estão pedindo que ateus sejam proibidos de votar, não estão pedindo que a eleição de um muçulmano seja anulada, quando ele vence alguma eleição (como tão a fazer com Feliciano). Tão apenas representando seus valores e buscando nos votos do povo apoio pra eles. Já essa militância gayzista, não tendo maioria legislativa, carrega a política de controle da vida pública através dessa seleção ABSURDA de quais valores são válidos ou inválidos para a motivação de votos (que falei na primeira resposta), como se eles tivessem a Sabedoria Supraterrena. Logo, 'tão cada vez mais a controlar a vida pública, e de forma ilegítima. Só que vão além disso: não contentes em terem esse controle imoral da vida pública, avançam sobre a vida privada dos cidadãos (fronteira que um PSC nunca cruzou). Você não viu a proposta de lei do esquizofrênico do Jean Wyllys, pedindo um marco regulatório da internet? Tem também essa absurda proposta de lei de homofobia, que proíbe meros discursos públicos contrários ao movimento gay, jogando em palavras (tendo elas ou não apelo de violência) a culpa por esse ilusório "genocídio" de gays que alegam (isso, claro, além do outro absurdo da vida pública de criar uma casta de seres superiores, cujo espancamento, por exemplo, cometido contra eles representará DOIS crimes (agressão física e homofobia), enquanto que agressões aos demais, aos reles mortais, representarão apenas UMA infração.








Os sussurros dessas poucas vozes que se conservam sãs em meio à loucura e à degradação do momento têm a Verdade e Deus ao seu lado. Mesmo sem o esforço vocal, serão sempre Gritos. Gritos de socorro para a mente humana e para os valores atemporais.