As pessoas comentam entre si, assombradas, que jamais se viu tamanho nível de corrupção, tal qual ocorre no Brasil hoje em dia. Não comentam, entretanto, sobre a decadência institucional que esse país sofre desde o fim do Império. Parece que para elas não há relação alguma entre essas duas coisas. Mas enganam-se. Que faz de um homem alguém incorruptível? Seriam as leis, os instrumentos legais, preceitos técnicos, medo ... ? Não. O que faz um homem incorruptível é seu arcabouço moral; seus valores. E não se enganem: valores não germinam nas leis. Essas, na realidade, são única e exclusivamente consequência deles. Um homem torna-se incorruptível quando admite uma totalidade subjetiva, uma ordem moral, coisa essa que só pode ser concebida e transmitida no seio e pelas instituições. O homem nasce um selvagem! As instituições aperfeiçoam-no. São elas frutos de experiências infindas; são elas a democracia dos mortos, como diria Chesterton. Mas as pessoas não percebem isso... e seguem a entreolharem-se, assombradas, e a comentarem sobre desvios de caráter intermináveis — enquanto que, em outro momento, vociferam em nome de toda essa infâmia iluminista que relativiza e destrói o que temos demais vital.