(uma análise bem fria e objetiva)
A propriedade privada é legítima por natureza. Muito me espanta que
céticos, ateus e comunistas tanto mal falem sobre ela, porque suas críticas não
têm base senão em princípios "religiosos", ou criações de um “eu” atordoado e
doente.
Rousseau errou. Tanto errou que perdeu o concurso em que tentou emplacar
o famoso discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens. Esse discurso
é bastante interessante – ao menos para mim. Vejo muita coerência em inúmeras
análises, mas um grande erro na conclusão sobre essas análises.
Rousseau diz que a origem da desigualdade
entre os homens reside na criação da propriedade privada. De certo modo, está
correto pensar assim. Entretanto, ele tenta explicar que essa desigualdade, que
a existência da propriedade privada, está assentada em algum fator social, em
algo que se corrompe; que todos os homens nasceram iguais e, pela própria e
única ação do homem, ou de um homem, tornaram-se diferentes. Contudo é errado
pensar assim. O homem mais forte e “malicioso” que subjugou o mais fraco e
decretou ser dono de algo, era mais forte e “malicioso” porque a natureza assim
o concebeu. O “usurpador” foi concebido pela natureza com essas aptidões que o
permitiu “usurpar”. Não estou tentando consagrar isso, estou simplesmente
constatando algo que passa, quase que sempre, despercebido.
Querem mais legalidade do que a própria mãe natureza? Existiu o homem;
depois um homem forte; depois um homem suficientemente forte e malicioso que se
apropriou de algo, tal como um cão que mata o outro por ele ter tentado se
apropriar de um alimento e intimida os demais.
O que quero dizer é que é da natureza humana, ou melhor, que é da
natureza, que é natural, haver “desigualdade” e, por conseguinte, propriedade.