O ateísmo é uma doença da alma. O enfermo não percebe nada
além de si mesmo. É um megalômano, egocêntrico. O termo de ateu leva
consigo, inerentemente, a prodigalidade. O ateu é um esnobe: ele crê em si
somente e em nada mais. A ascensão dessa doença se deve a uma profunda crise de
ordem moral e de julgamento. O ateu redimensiona o homem como algo cujo fim está
em si mesmo. Flerta com um niilismo suicida e abre mão de responsabilidades. Não
raramente percebo num ateu um excessivo descompromisso – é a tal da covardia que
citei em postagens anteriores. O ateu clama a razão todo o tempo, mas só até
determinado ponto, pois ela o faria duvidar até de sua própria crença. O ateu é
um omisso, um vaidoso e um perdido. Não só não crê em Deus ou em algo além, mas
crê vivamente na crença de que não há algo além. É um dos efeitos colaterais da
modernidade, uma conseqüência inevitável e fatídica. Atrás de todo um arcabouço
de descrenças ateias jaz a hombridade, a humildade, a coragem e o compromisso
para com o que te faz elevar-se, ir adiante e aperfeiçoar-se. Que sentido tem a
vida de alguém que acredita que si mesmo fora um acaso? O sentido que ele
desejar. Nenhum homem pode viver sem uma crença. No caso do ateu, é só uma
crença diferente: ele crê em si, em toda a sua potencialidade e sagacidade, negligenciando
a sua própria natureza em favor de seus próprios vícios. O ateu é o seu Deus; o ateu é um doente.